Representantes de coletivos, órgãos públicos e torcidas organizadas LGBTs abordaram medidas para tornar o ambiente do futebol mais receptivo a todos os públicos.
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo recebeu, na noite do dia 6 de novembro, uma audiência pública com o intuito de debater a LGBTfobia nos estádios de futebol. Coordenado pelo deputado Guilherme Cortez (Psol), o evento reuniu representantes de órgãos públicos vinculados ao esporte, que discutiram ideias e medidas para transformar os estádios e arenas em espaços mais receptivos e respeitosos para todos os tipos de público.
“Apesar do futebol ser um ambiente historicamente nocivo para a comunidade LGBT+, a paixão persiste e se demonstra nos grupos que constantemente promovem debates e organizam torcidas independentes. A partir desta audiência, vamos discutir novas políticas públicas de inclusão para todos os grupos possíveis no universo do futebol e dos outros esportes praticados no nosso estado”, afirmou o parlamentar.

Em seguida, a diretora executiva de Futebol Feminino da Federação Paulista de Futebol (FPF), Kin Saito, ressaltou a importância de olhar atentamente para a história do futebol brasileiro a fim de compreender as causas da discriminação contra minorias nos estádios e combatê-la.
“Na década de 1940, o futebol feminino foi proibido por supostamente ir contra a natureza. Esse tipo de argumento, nas entrelinhas, revela muito mais do que apenas uma questão de gênero. Essas intolerâncias não cabem, nunca couberam, e devem ser combatidas, dando lugar ao acolhimento. É dessa forma que a FPF enxerga o esporte em seus tratados atuais e vamos continuar ouvindo a comunidade LGBT+ com atenção para aprimorar ainda mais nossas ações”, afirmou a diretora.
União
Já o presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB São Paulo, Victor Grampa, apontou que a criação de novas políticas públicas voltadas ao combate à LGBTfobia nos estádios deve considerar a importância de tornar o espaço mais convidativo e menos nocivo.
“As leis são moldadas pela sociedade, então elas reproduzem um conjunto de ideias, valores e até mesmo discriminações impostas historicamente. Olhar para a dimensão do espaço construído sem ser convidativo ao público LGBT é fundamental para mudar essa realidade”, explicou. ”A base histórica do esporte não é a disputa, ela é uma consequência da união. Ele simboliza companheirismo, vivência e o potencial das pessoas, algo completamente oposto a uma guerra, como muitas vezes é tratado. O futebol tem o poder de unir a população em torno de um conjunto de valores positivos, que foram contaminados por preconceitos enraizados na sociedade”, acrescentou Grampa. Seguindo o mesmo pensamento, a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD), Raquel Lima, disse acreditar no esporte como a principal ferramenta de inclusão social existente.
“Por esse motivo, não cabe preconceito. Todos merecemos ser respeitados e participar livremente de todo tipo de atividade”, disse.
“É notória a dificuldade de incluir algumas pautas em eventos esportivos por ser um ambiente que reflete muitos comportamentos ruins da sociedade. Os crimes contra a comunidade LGBT+ precisam de cada vez mais protocolos de ação imediata para serem evitados e combatidos se necessário”, pontuou ela.
Assista ao evento, na íntegra, em transmissão feita pela Rede Alesp:








