Após a enorme repercussão de sua declaração homofóbica na primeira entrevista coletiva no comando do Internacional, o técnico Abel Braga utilizou as redes sociais para se desculpar publicamente. Em um story na plataforma Instagram, o treinador admitiu o erro e reconheceu que sua colocação sobre a cor rosa dos uniformes de treino foi inadequada.

A retratação do técnico Abel Braga em suas redes sociais, embora necessária, reacende uma crítica recorrente no futebol brasileiro: a banalização do pedido de desculpas após manifestações de preconceito. Este ciclo vicioso, repercussão negativa, e um pedido de desculpas rápido cria a perigosa ilusão de que a retratação é o que basta para encerrar o debate e seguir em frente.
No futebol, parece haver uma cultura de que todas falas homofóbicos, racistas ou machistas, podem ser amenizadas com um pedido de desculpas. Contudo, algumas falas e atitudes não são meros deslizes ou “brincadeiras”, são manifestações explicitas de um preconceito estrutural que tem consequências reais.
Pedir desculpas é apenas o primeiro passo. O que se exige não é apenas a palavra, mas a ação concreta: educação, compromisso ativo com a inclusão e, acima de tudo, o reconhecimento de que a responsabilidade de quem tem voz é promover o respeito, e não perpetuar o ódio. O tempo da impunidade e do pedido de perdão fácil acabou. O futebol precisa evoluir para a tolerância zero e punições educativas e disciplinares que quebrem este ciclo de ofensas e desculpas vazias.
Texto: Tainá Sena/Canarinhos








