O presidente da LALIGA, Javier Tebas, exigiu na terça-feira que a organização a que preside seja dotada de poderes sancionatórios, como a “retirada de pontos” às equipas, a fim de erradicar os cânticos de ódio no futebol.
O dirigente afirmou que “os comportamentos de ódio incluem o racismo, a xenofobia, a homofobia, o bullying no desporto e na sociedade”.
Perante este flagelo, afirmou que o mundo do futebol “tem uma dupla responsabilidade”: erradicar estes comportamentos e evitar que o desporto tenha “efeitos negativos na sociedade.
“Temos essa virtude: somos uma caixa de ressonância para o bem e para o mal”, afirmou, sublinhando que ”a violência verbal é o prelúdio da violência física. Há uma causa e um efeito.
Javier Tebas explicou que a LALIGA tem como objetivo erradicar os comportamentos de ódio por parte dos adeptos “desde que saem de casa até ao seu regresso, e não apenas no estádio”. Na sua opinião, a organização a que preside deve “estar vigilante, controlando e, se possível, sancionando e expulsando esses comportamentos”.
O presidente da federação, que preside, deve “estar atento e, se possível, sancionar e expulsar esses comportamentos”. “Há casos muito graves, mas não são assim tantos”, disse.
A este respeito, recordou que a LALIGA começou a atuar há 11 anos com a erradicação dos cânticos corais racistas, homofóbicos e xenófobos, o que levou algumas equipas a acusá-lo de “querer transformar o futebol numa ópera”. Depois de assinalar que, em cinco anos, esses insultos desapareceram das bancadas, afirmou que “agora o comportamento é individual e de grupos mais pequenos, o que é igualmente grave”.

Javier Tebas afirmou que foram enviadas mais de 560 queixas à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) por este tipo de cânticos. Apesar disso, exigiu que a LaLiga tenha poderes sancionatórios para poder “retirar pontos”, entre outras medidas, às equipas em cujos estádios se verifiquem este tipo de comportamento.
Ao mesmo tempo, explicou que a estratégia da organização a que preside contra o ódio no futebol assenta em quatro pilares: a comunicação interna e externa através de informação direta aos adeptos e jogadores e de campanhas institucionais; uma área tecnológica para identificar os que proferem gritos racistas, o que o ajudou a exigir um maior acesso às gravações das câmaras dos estádios geridas pela Polícia Nacional para acelerar a expulsão destes indivíduos; a biometria, que lhe permitiu pedir o acesso aos estádios através da identificação digital e facial para controlar as pessoas que neles entram; e uma secção institucional e jurídica.
Javier Tebas reconheceu a necessidade de o mundo do futebol fazer uma “autocrítica”, pois “podemos fazer muito mais contra este fenómeno”, como, por exemplo, os clubes controlarem com mais rigor os “grupos de adeptos ou clubes de adeptos propensos a cometer crimes de ódio” ou serem “mais categóricos” contra grupos violentos.
Quanto à pertinência da realização da Supertaça na Arábia Saudita, Tebas recordou que há cinco anos tomou posição contra a sua realização naquele país, mas admitiu que depois de se deslocar várias vezes ao país verificou que “foram feitos muitos progressos”, mas disse que “é verdade que ainda há um longo caminho a percorrer”.
Tebas afirmou que na LALIGA “não somos ninguém que obriga alguém a dizer a sua condição sexual” e referiu que 35% dos empregados e 40% dos membros do Comité de Gestão são mulheres. “Não está nos níveis que deveria estar, mas vai chegar; vai levar tempo, mas vai chegar”, concluiu.
Congratulou-se também com o facto de o Ministério Público ter unificado os critérios do que é “considerado insulto ou não”, e defendeu ainda “uma reforma do Código Penal” e uma clarificação de competências nos tribunais para acelerar a apresentação de queixas em casos de condutas odiosas. Tebas destacou ainda as “mais de 40 queixas” na esfera penal na sequência da deteção de condutas odiosas no futebol, que começaram “com o caso de Iñaki Williams, em Cornellá, que aguarda julgamento, enquanto nos dois casos de Vinicius, em Valência e Maiorca, já existe uma condenação penal para os autores”.
Neste contexto, Tebas sublinhou que a LALIGA está a trabalhar “do ponto de vista jurídico com o Ministério Público para a dissolução e ilegalização da Frente Atlético”, bem como com outros grupos de adeptos radicais de outros clubes.
Fonte: https://eco.sapo.pt/2025/01/28/laliga-apela-a-poderes-sancionatorios-para-atuar-contra-o-odio-no-futebol/