“Foca só no futebol” e “deixa a política de lado” são comentários comuns nas redes sociais quando jornalistas esportivos ou jogadores se posicionam sobre temas sociais e políticos. Para o espanhol Borja Iglesias, do Celta, essa ideia é um posicionamento contraditório porque o silenciamento justamente politiza o assunto.

– Dizer que os jogadores não podem falar de política também é politizar o futebol. Um futebolista é parte da sociedade – disse o atacante da seleção espanhol em entrevista ao canal “Nos Televisión”.
Iglesias já é conhecido por suas posições progressistas, falando publicamente nos últimos anos a favor dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+, e reforçou isso novamente. Ele criticou que, desde a formação nas categorias de base dos clubes, os jovens recebem recados que, caso não sejam héteros, não serão jogadores.
– Desde criança, quando você entra numa base de alta performance parece que você não pode, que se você for homossexual não vai ser jogador de futebol. Modelam condutas e personalidades – denunciou.
– Estou cansado dos estereótipos. Por que tem que ser de um jeito só? É complexo pela toxicidade que temos ao redor. À medida que for normalizando, as pessoas entenderão que não há problema nenhum. Independentemente de que você goste de um homem ou de uma mulher, seu trabalho você pode fazer igualmente bem. É importante que aos poucos construamos esse espaço mais seguro para que as pessoas possam ser quem querem ser – desabafou em outra resposta.
Iglesias critica outro senso comum, agora do futebol feminino
Além do senso comum que jogador não pode falar de política, há outro que de que o futebol feminino gera menos dinheiro que o masculino e, por isso, as mulheres devem receber menos. Iglesias rechaçou essa ideia usando o exemplo de Aitana Bonmatí, três vezes melhor do mundo, e Alexia Putellas, Bola de Ouro em duas oportunidades, ambas do Barcelona.
– As pessoas sempre dizem que [o futebol feminino] não geram o mesmo [que o masculino]. Depende. Possivelmente a Aitana ou a Alexia geram mais do que eu. É uma realidade. Dou esses dois exemplos, mas há muitos outros – iniciou.
Ele também citou a trajetória por anos até elas receberem o devido suporte no futebol.
– Tudo tem um processo e elas estiveram muitos anos atrás em termos de infraestruturas, de pessoal capacitado para ajudá-las. […] Tudo vai crescendo, também as receitas e o que geram. O futebol feminino está num crescimento enorme, mas vai mais devagar do que deveria – finalizou.
Fonte: https://trivela.com.br/espanha/borja-iglesias-jogadores-nao-falar-politica-politizar-futebol/