Um time histórico. Um clube centenário e super engajado socialmente. Um nome que voltou à Bundesliga nessa temporada após mais de dez anos na segunda divisão.
Instalado junto às docas de Hamburgo, no coração do bairro de classe trabalhadora que se fez epicentro da noite da região, responsável por abrir os horizontes do time fundado em 1910, o St. Pauli hoje representa o que há de mais importante nas lutas sociais feitas através do futebol.
Enquanto muitos acreditam que esporte e pautas extra campo não devam se misturar, o clube alemão mostra que as duas coisas podem e devem estar unidas na batalha por uma vida melhor para todas as pessoas.
O St. Pauli tem na história a luta por direitos iguais. A torcida e, institucionalmente, o clube já deram exemplos de luta contra o machismo, contra a homofobia e contra o racismo. O banimento de torcedores que apoiam o nazismo do Estádio Millentor foi um marco. Foi o primeiro clube na Alemanha a adotar a medida.
O atual capitão é o meia australiano Jackson Irvine, um dos destaques da equipe. Mesmo fora do clube, ele é ativista nas pautas encampadas pelos Piratas.
O entendimento da cultura da comunidade como mais importante do que os altos valores financeiros que envolvem a competitividade no alto nível do futebol atual é um orgulho entoado pelos torcedores. E tal entendimento deverá ser visto na elite alemã na próxima temporada, embora o clube mantenha os pés no chão.
“Tem sido nossa marca registrada nesta temporada não pensarmos no que pode acontecer. Estamos nos concentrando apenas no jogo. Tudo o que falamos nos treinos é tática, e não no que pode acontecer” – garantiu o zagueiro David Nemeth, que está na terceira temporada na equipe.
“O FC St. Pauli promove um modo de vida e é um símbolo da autenticidade desportiva, o que permite às pessoas identificarem-se com ele independentemente dos seus resultados em campo. A tolerância e o respeito nas relações humanas são pilares importantes da filosofia do St. Pauli. O FC St. Pauli continuará a ser um bom anfitrião, garantindo todos os direitos aos seus visitantes e esperando ser recebido por eles da mesma maneira”, afirmam.
“Não existem adeptos melhores ou piores. Cada um pode dar expressão à sua paixão como lhe aprouver, desde que isso não colida com os princípios expostos”, dizia outra passagem do documento de 2009.
No ano de 2006, o clube organizou uma FIFI Wild Cup, fazendo trocadilho com a FIFA World Cup, na qual participaram autoproclamadas “nações subjugadas”, como Groenlândia, Tibete e Zanzibar. O time também participou sob a alcunha de República de St. Pauli. Entre os anos de 2002 a 2010, a equipe teve um presidente abertamente gay: Cornelius “Corny”Littmann, um empresário de teatros alemão.