Nesta quinta-feira, 18 de dezembro, o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ apresenta a edição de 2024 do Anuário do Observatório da LGBTfobia no Futebol. O lançamento ocorrerá a partir das 13h30, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza (CE), como parte da programação do Festival da Diversidade do Ceará.

O documento, que reúne e sistematiza dados referentes ao ano de 2024, consolidou-se como o principal instrumento independente de monitoramento do preconceito no esporte brasileiro.
Produzido ininterruptamente desde 2022, o Anuário do Observatório da LGBTfobia no Futebol é hoje a bússola para quem deseja entender as nuances do preconceito no esporte mais popular do país. Ele vai além da denúncia: funciona como um instrumento político, histórico e pedagógico.
Ao cruzar dados de tribunais, monitoramento de redes sociais e o comportamento direto nas arquibancadas, o documento rompe com a ideia de “neutralidade” no esporte. Para o Coletivo Canarinhos LGBTQ+, o Anuário serve para pautar a imprensa, embasar pesquisas acadêmicas e, principalmente, pressionar clubes, federações e o poder público por políticas que garantam que o futebol seja, de fato, um ambiente seguro para todos os corpos e identidades.
A nova edição revela um cenário contraditório: se por um lado há avanços em letramento e diálogos institucionais, por outro, a violência estrutural segue firme. Um dos destaques negativos é o recuo na transparência do STJD. O tribunal dificultou o acesso a dados públicos e não enviou informações solicitadas formalmente pelo Observatório.
Mesmo com a falta de transparência, o levantamento aponta que as denúncias por LGBTfobia (Artigo 243-G) cresceram 28,6% em 2024, saltando de 7 para 9 casos registrados, número que o Anuário alerta estar subnotificado.
O que você encontra
- O Tabu do Número 24: Na Copa São Paulo de Futebol Júnior (Copinha) de 2025, o uso da camisa 24 atingiu seu menor índice histórico. Apenas 32 das 128 equipes utilizaram o número, evidenciando como o estigma é reproduzido desde as categorias de base.
- Violência Online: As redes sociais continuam sendo o principal palco de manifestações LGBTfóbicas, onde a impunidade e a naturalização do discurso de ódio ainda prevalecem.
- Engajamento dos Clubes: O relatório aponta uma estagnação ou queda no posicionamento dos clubes em datas simbólicas, especialmente nas Séries C e D, com ações muitas vezes restritas ao campo protocolar.
- Resistência das Torcidas: O Anuário traz um mapeamento atualizado das torcidas LGBTQ+ do Brasil, destacando seu crescimento e os desafios de segurança e reconhecimento institucional que enfrentam.
Instrumento de Mudança
Muito além de um diagnóstico, o Anuário é um instrumento pedagógico que reúne boas práticas, legislações e propostas de políticas públicas. A publicação reafirma que o combate à LGBTfobia exige ação integrada entre a sociedade civil, clubes e o Estado.
No site você pode encontrar as edições anteriores (2021, 2022 e 2023).
Texto: Tainá Sena/Canarinhos








