Durante a premiação da Copa do Mundo, Jenni Hermoso foi beijada à força pelo então presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, num caso que gerou comoção da comunidade esportiva mundial e levou à troca do comando da federação e à abertura de um processo criminal por assédio. O Ministério Público da Espanha solicitou uma pena de 2 anos e meio de prisão para o dirigente. O episódio também gerou a demissão do treinador da seleção, Jorge Vidal, que aplaudiu um discurso de Rubiales em defesa própria da postura ante Hermoso.
Na postagem com Misa Rodríguez, alguns internautas apontaram que “Jorge Vilda tinha razão” e apontaram, sem quaisquer provas, que as atletas da Espanha mantinham relações sexuais entre si nos vestiários. “Deixar a porta aberta nas concentrações tinha um motivo”, escreveu um usuário do Instagram sobre uma suposta medida polêmica do treinador para o dia a dia do time. “Espero que Florentino [Pérez, presidente do Real Madrid, time de Misa] feche o futebol feminino. É uma vergonha para o clube”, afirmou outro internauta.
Após os ataques, vários seguidores saíram em defesa das jogadoras e pediram respeito a ambas. Não se sabe se as duas têm, de fato, algum envolvimento amoroso. “Algo não está certo. Supostamente operamos numa sociedade de liberdade, tolerância, respeito e num país desenvolvido, [mas] continuam [a existir] comentários homofóbicos, sexistas ou ridículos”, criticou uma internauta.
A acusação pediu a prisão de Luis Rubiales pelo beijo forçado em Jenni Hermoso e ainda dois anos de liberdade vigiada para ex-dirigente, a proibição de qualquer tipo de comunicação com a jogadora por quatro anos e indenização de 50 mil euros. A data de julgamento de Rubiales ainda não foi definida.
Durante a entrega de medalhas da Copa do Mundo de 2023 na Austrália, vencida pela Espanha, o ex-presidente da RFEF “segurou a cabeça de Hermoso” com as duas mãos e, de forma surpreendente e sem o consentimento ou aceitação da jogadora, deu um beijo em sua boca”, informou o MP em seu documento.
“Diante das consequências pessoais e profissionais que poderiam surgir”, Rubiales exerceu “constantes e repetidos atos de pressão” sobre a atleta, o que a impediu de “desenvolver sua vida em paz, tranquilidade e liberdade”, continuou.
O MP também pediu um ano e seis meses de prisão para o ex-treinador Jorge Vilda, o diretor esportivo da seleção masculina Albert Luque e o ex-diretor de marketing da RFEF Rubén Rivera por terem participado da coação.
Desde uma recente reforma do Código Penal espanhol, um beijo não consentido pode ser considerado agressão sexual, categoria criminosa que reúne todos os tipos de violência sexual.
“Não foi intencional. Não houve qualquer conotação sexual, foi apenas um momento de felicidade, a grande alegria do momento”, afirmou Rubiales em entrevista ao programa de televisão britânico Piers Morgan Uncensored, em setembro do ano passado.
A atleta, que apresentou a denúncia contra o ex-dirigente nesse mesmo Mês, afirmou em janeiro perante um juiz da Audiência Nacional que o beijo foi “inesperado” e “em nenhum momento consensual”, segundo fontes judiciais informaram na época.
A jogadora afirmou ainda que sofreu “assédio constante” por parte de Rubiales e de seu entorno nos dias que se seguiram, de acordo com a mesma fonte.
Em setembro de 2023, o juiz também ouviu o acusado, que defendeu perante o magistrado que o beijo foi consentido.
Rubiales inicialmente se recusou a renunciar devido às suas ações em uma polêmica assembleia da RFEF em 25 de agosto, mas nos dias posteriores enfrentou pressão do governo, da Justiça e do próprio mundo do futebol, até que em 10 de setembro apresentou sua renúncia.
Fonte: https://www.folhape.com.br/esportes/atleta-beijada-a-forca-na-copa-homofobia/344504/