No futebol, assim como em outros espaços sociais, a busca por uma cultura inclusiva e respeitosa é uma luta constante. Porém, ainda hoje, muitas vezes nos deparamos com cânticos homofóbicos que, em vez de serem reprimidos, acabam sendo naturalizados nas arquibancadas, muitas vezes tratados como algo “divertido” ou “recreativo”.
A normalização desses cânticos prejudica não só a luta contra a discriminação, mas também contribui para a perpetuação de um ambiente hostil e excludente para a comunidade LGBTQ+.
Um exemplo disso é a música “Chama a Samu” que viralizou nas redes sociais ano passado. A música foi cantada por quase todas as torcidas no Brasil e viralizou em muitas páginas esportivas, tratando o cântico como algo divertido.

Para além do Brasil, a música chegou até o KINO, integrante do grupo de K-pop PENTAGON. O cantor utiliza o cântico como introdução de uma de suas músicas. Após esse ocorrido, a música voltou a circular nas redes sociais de forma natural e recreativa.
Esses cânticos, apesar de serem camuflados sob o argumento de “brincadeira” ou “descontração”, têm um impacto profundo na formação de atitudes e comportamentos. Eles não apenas reforçam estigmas e estereótipos, como também incitam o ódio, a intolerância e a violência conta a comunidade LGBTQ+. A ideia de que a retirada desses tais cânticos do estádio irão acabar com o famoso “futebol moderno” reflete um retrocesso na busca por ambiente acolhedor e além de tudo, seguro.
É fundamental que, dentro e fora dos estádios, essa cultura de violência verbal seja combatida, e que as pessoas comecem a perceber que a piada que marginaliza o outro não é engraçada, mas sim destrutiva. O futebol tem um papel educativo na sociedade, o futebol pode ser uma ferramenta poderosa para promover a inclusão. Tratar cânticos homofóbicos como algo inaceitável é um passo essencial para a mudança.
Texto: Tainá Sena/Canarinhos